segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Capítulo 3

Na pilastra, do lado oposto à cruz, samantha estava presa. Lara perdeu a noção do tempo desde que vira aquele olhar de desespero e tinha certeza que a jovem submissa também. Aqueles pulsos atados firmemente, puxados para trás, deixando a menina ali entregue de peito aberto para o Dono e todos aqueles olhares. Estava presa não apenas pelas mãos, no entanto. A corda ainda abraçava-lhe o tronco, logo abaixo dos seios expostos. Victor lhe ordenara que tirasse o vestido e ela agora vestia apenas o espartilho negro, de um tecido que de certos ângulos brilhava com as poucas luzes do local e das velas à sua volta, no chão.

O rosto estava úmido, reluzindo lágrimas que teimavam em escorrer. A menina parecia exausta de tantos gritos abafados contra a mordaça e toda a dor que sentia, que maltratava-lhe o corpo. Os cabelos lhe caíam à frente do rosto, escondendo a vermelhidão de alguns tapas atrás das mechas de mesma cor. Lara lembrava-se de siamesa no banheiro e entendia por que Mestre V não permitia que samantha usasse qualquer maquiagem, exceto pelo batom. Se aquela primeira submissa havia chorado um pouco, em meio ao sadismo de seu Senhor, esta agora estava em prantos. As lágrimas descendo em profusão pela face, deslizando até aqueles seios tão doloridos. Da corrente que unia os pregadores de metal dos mamilos, pendia um peso em forma de diamante, metálico. Sobre os seios, em pontos diversos, escorriam e secavam minúsculos filetes de sangue, de agulhas ainda espetadas, pequenas, curtas e finas, como as normalmente usadas em testes de glicose. Algumas poucas haviam caído ao chão, em meio aos soluços da menina, mas para essas seu Dom apenas olhava friamente, antes de coletá-las para evitar qualquer acidente.

Ele rodeava-a, ali... parecia um artista observando sua obra em progresso: uma estátua com o rosto marcado pelos tapas, a bola de borracha da mordaça entre os dentes, com saliva escorrendo pelos cantos da boca, juntando-se às lágrimas. Os ombros e as costas soltando flocos de cera derretida que caíam ao chão suavemente, pouco a pouco. Os pulsos atados com firmeza sem no entanto apertar demais, para permitir a circulação. A corda atravessada ao tronco, firmando-lhe o corpo contra a pilastra antes fria. As coxas e o que estava à mostra do abdômen repletos de lanhos e riscos vermelhos, marcas do facão que ele agora tinha nas mãos. Era uma lâmina decorativa, sem fio, mas que deslizava sobre aquela pele com força, arrancando gritos e deixando linhas, riscos, desenhos . As nádegas estavam ainda mais vermelhas e inchadas de novos abusos sofridos antes mesmo de ser amarrada.

Tudo ao redor deles ficava em silêncio, a música estava bem baixa, como se o DJ soubesse que não devia atrapalhar a sinfonia dos arfares e gemidos da submissa. Como se aqueles soluços incontidos de dor e desespero fossem o mais importante, ali. Lara se imaginava vividamente no lugar de samantha, agora. Tantos olhos perscrutando seu corpo, deslizando sobre sua pele como se mesmo aquele espartilho fosse roupa demais. As pernas da submissa estavam cruzadas, tremiam fortemente e entre elas algo escorria, pela pele e por sobre um fio de cor bege, que saía de seu sexo. Victor presenteara-lhe com um bullet, um ovo de acrílico, vibrador, que estava ligado, dentro dela. A ordem para que não o deixasse escorregar para fora de si havia sido clara e as pernas cruzadas eram uma vã tentativa de fazê-lo. A submissa podia senti-lo, pouco a pouco, deslizando dentro dela e descendo. Amaldiçoava a gravidade. O fio serpenteava por entre as pernas da escrava, até uma pequena caixa de plástico da mesma cor, caída aos seus pés. Ali havia uma chave que controlava a intensidade do motor, nesse momento ligado à metade da potência.

- Eu voltarei a você quando parar de frescura e engolir o choro, vadia. – Mestre V sorria como talvez apenas o próprio demônio soubesse sorrir, tamanha a malícia no curvar daqueles lábios, enquanto se afastava de volta à mesa. Lá se sentava uma Lara atônita, muda. Paula tinha que conter o eventual riso, notando as reações da amiga. A música não aumentava, todos permaneciam com seus olhos à menina, a maioria dos Tops sorrindo, as reações dos bottoms variando um bocado, de espanto e pena a uma admiração sincera. Assim que ele se sentava, guardando a grande faca sem corte ao coldre de metal no bolso da calça, o Dominador descia mais um gole do whisky gelado, parecendo ele mesmo um pouco exaurido. Limpava o suor da testa e olhava fixo para a submissa à pilastra, mais especificamente as suas mãos atadas. – E então Marcos, fazia tempo que não os via à festa, não é mesmo? Como andam as bolsas de valores do mundo?

Marcos não respondia de imediato, apenas ria baixo, sabendo que esse momento de distração era possivelmente só mais um jeito do colega para “assustar a baunilha”. – Ora meu bom amigo, lhe garanto que o mundo dos negócios está bem menos interessante que o daqui de dentro. Sua menina andou se comportando tão mal assim, ultimamente? Ou ela está aproveitando isso tanto quanto você? – Todos à mesa agora tinham o mesmo sorriso faceiro, menos uma pessoa. Ela não conseguia tirar os olhos de samantha, que parecia lutar cada vez mais contra o objeto que teimava em deslizar, querendo escapar de seu sexo.

- Não há qualquer mágoa naquelas lágrimas ou decepção em meus olhos hoje, meu bom amigo. É a dor do mérito, não da punição. – Victor olhava para sua menina e sorria ao fitar-lhe as mãos uma vez mais, antes de voltar seus olhos de um azul tão profundo para Lara, que tinha o queixo caído. – Existem dois tipos de dor infligida aos submissos. – Ele falava agora à mulher, como um professor, enquanto ela aos poucos lhe voltava a atenção. – Punições vêm da decepção do Dono com os erros da escrava, trazem uma dor amarga que piora com a angústia da submissa que sabe que errou e é obrigada, o tempo todo, a relembrar sua ofensa. Mas são também uma promessa. O Top pune, deixando bem claro que após aquele martírio não existe mais o erro. É como se o mesmo jamais tivesse ocorrido. – Ele tomava mais um gole do whisky, terminando o copo e olhando fundo naqueles olhos castanhos, piscando para ela e dizendo algo que ela não soube definir se era um pedido ou uma ordem velada. – Peça mais um pra mim, sim? Puro, com gelo.

Mestre V levantava-se em seguida, cumprimentando Dama Negra que se aproximava da mesa, dessa vez sozinha. – Minha linda anfitriã! A que devo a honra de seu olhar, pelo qual alguns submissos desse lugar se matariam? – Tomava-lhe uma mão e beijava-a, educadamente, enquanto a mulher sorria matreira, olhando-o nos olhos.

- E você pergunta, rapaz? Sua cena ainda não deixou esfriar tantos olhos atentos e você mantém a pobre menina ali, amarrada, lutando contra o inevitável. – Ela olhava a escrava à pilastra e voltava-se para ele, agora com um tom mais baixo e sério. – Se eu não soubesse que vocês têm um gesto de segurança, para cenas assim, chamaria a segurança e o mandaria preso, V. – Ela ria agora, e Lara compreendia porque os olhos de Victor fitavam tanto as mãos da escrava. Havia algo que samantha poderia fazer se quisesse parar tudo aquilo. No entanto, decidira resistir, até ali.

- Você não veio até aqui, pisando em meia dúzia de seus pit-bulls, para me ensinar o que eu já sei, boa Dama. Pode falar o que deseja. – V sorria de uma forma que Lara pôde notar que já sabia a resposta, não precisava perguntar. Mas queria ouvir o que quer que fosse... a advogada também imaginava exatamente que pedido a anfitriã faria, aliás. Começava a compreender um pouco mais daqueles rituais e daquele meio.

- É só aprestada, rapidinho, eu prometo. Sua samantha é tão bonitinha, ainda mais indefesa como está. Vou ser cuidadosa, tá? – Aproximava-se dele, em alguns passos um tanto mais sensuais, com aquele brilho que alguns Dominadores pareciam sempre trazer no olhar. – Quero também tirar-lhe a mordaça, viu? Os lábios de sua menina são desperdiçados, naquele troço. Mas não a farei gozar, V. Já percebi que é o que você reservou para si, essa noite. – Naquela aproximação, ela deixava a coxa esquerda roçar a virilha do homem, enquanto sussurrava em seu ouvido. Confirmava aquilo que dizia e sorria, enquanto Victor dava um passo para trás, talvez um pouco desconcertado, mas ainda mantendo o sorriso.

- Está bem, sua súcubo. Pode se divertir um pouco com ela. Mas não abuse demais da sorte, estamos combinados? O clímax dela é meu, como é o seu interior... não quero seus dedos entrando em nada de minha escrava, essa noite. – Ele falava aquilo em um tom austero, até de certa forma ameaçador, como se deixasse claro o risco de retaliações. A mulher apenas fazia que sim com a cabeça, sorrindo como criança que ganhou o doce antes da refeição, começando a caminhar em direção à escrava que lhe fora emprestada, para brincar um pouco. – Ah, sim, Dama. – Victor chamava e ela olhava-o, por cima do ombro. – Tire o bullet de dentro dela, antes que caia. – Os dois sorriam no mesmo tom maquiavélico, mas eram dela os olhos que agora brilhavam mais.

Lara fizera sinal a um garçom que agora se aproximava da mesa e apontava para o rapaz, mostrando-o ao Dominador que agora se sentava. V uma vez mais observava as mãos de samantha, que já notara a aproximação de Dama Negra, antes de voltar-se para o homem de uniforme e em seguida para a mulher que o chamara ali. – Eu não lhe falei? Pensei que havia dito. É mais um whisky puro, com bastante gelo. Ah, e traga logo mais três chopps. – Aqueles olhos azuis fitavam a advogada baunilha e traziam-lhe novos calafrios, daqueles que já vinham se tornando constantes na presença do homem. – Não podia me fazer o favor? Ou tudo que eu lhe pedir você vai achar que estou tentando te dominar? – Ele ria e ela ficava um pouco sem graça, se achando realmente paranóica, por alguns instantes. – Do que eu falava, mesmo?

Paula respondia, sorrindo e tocando a mão da amiga, sobre a mesa, como se para tranqüilizá-la. – Aquele seu papo sobre dois tipos de dor, você estava terminando de explicar as punições, o martírio horrível de ter que lidar com os próprios erros e todo esse dramalhão que as submissas adoram. – Ela brincava com o assunto, tentando quebrar a tensão, e Lara ria um pouco, sem se sentir mais tão idiota mas também não deixando agora seus olhos desvencilharem-se do olhar perspicaz de Victor.

- Ah, sim. – Ele mesmo ria, olhando para Paula e comentando. – Mas falo isso não por experiência própria, veja bem. É algo em comum que ouvi de minhas meninas, então não pode me culpar se todas elas têm esse amor ao drama. – O garçom trazia as bebidas de todos e o Top esperava que ele saísse, para continuar. – A outra dor é um mérito. É quando o Top desconta seu sadismo sobre aquele bottom. Sem duplos sentidos. – Ria. – É merecer aquelas sensações, sabendo que são fruto de um sentimento do Mestre ou da Rainha. São marcas que todo submisso porta com grande orgulho, pois é merecedor daquela atenção. É nesse ponto que muitos gostam de dizer que dor e prazer se mesclam, porque aqueles golpes, toques e amarras são recebidos como um presente. – Olhava na direção de samantha e seus lábios se abriram em um sorriso de certa ternura, incomum à expressão de Victor... a menina também olhava-o de longe, enquanto Dama Negra tirava-lhe delicadamente a mordaça. Sorria, enfim, ao ter os olhos do Dono sobre si. – É uma dor que elas suportam para fazer seus Donos felizes. Quando o nosso olhar orgulhoso é tudo o que importa.

Ele parava de falar, observando a cena que continuava, no centro da sala. Dama Negra se aproximara como uma pantera, pé ante pé, da mulher indefesa. Não a ficou rodeando, como seu Mestre. Ficou um bom tempo parada à sua frente como se admirasse alguma obra de arte. Aproximou-se da jovem, os dedos delicados tirando-lhe os cabelos ruivos da frente do rosto, olhando-a nos olhos enquanto a mão limpava as lágrimas. – Shhhhhh... shhhhh... – Parecia tentar acalmá-la, a outra mão indo tocar a perna direita, sentindo a submissa tremer, tentando lutar contra o brinquedo que seu Dono havia colocado dentro dela.

O toque da Dominadora deslizava pelo rosto da menina, limpando-lhe a saliva que escorria dos lábios, indo sentir a presilha de couro da mordaça, à nuca da escrava, soltando-a gentilmente. Tirava a grande bola de borracha oca e cheia de grandes furos, da boca de samantha. Foi nesse ponto que a bottom olhou na direção do Mestre e abriu um sorriso, em meio àquela expressão tão dolorida e cansada. Mas um calafrio lhe correu a espinha ao ouvir um sussurro da mulher que agora tocava seu rosto enquanto a outra mão deslizava até a parte interna de suas coxas. – Prometi a seu Dono que não lhe deixaria gozar, então seja uma boa menina. Ou ele ficará muito decepcionado, com nós duas.

Lara observava toda aquela dança de longe. Era bem diferente de tudo o que vira até então, Dama Negra tinha uma sutileza em seus movimentos que nem V nem Lorde Avatar tinham demonstrado. Aqueles dedos finos e delicados, pareciam eletrificar a pele da submissa, que reagia a cada toque de forma intensa. A mulher mantinha-se próxima, deixando-se sentir, enquanto percorria o fio do bullet com a mão, subindo lentamente e começando a sentir onde o sexo ansioso da menina já deixara-o melado. O rosto, próximo ao dela, falava algo em voz baixa, inaudível tão de longe, e a Dominadora deixava a língua sentir os lábios trêmulos da menina, como se saboreasse a presa inerte.

Ouvia a escrava gemer, intensamente... todos com certeza ouviam-na, agora, em meio à respiração entrecortada, arfando e buscando mais ar. Dama Negra tocava-a, melando seus dedos na menina, abrindo-a para seus caprichos, enquanto dois dedos começavam a puxar o fio, bem lentamente. – Não se preocupe, pequena... seu Dono pediu-me que tirasse isso de você. – O que poucos notavam, no entanto, era o pé direito da Top, que saíra da sandália e agora mexia, com o dedão, na chave de intensidade do vibrador, no controle sobre o chão. Se contorcendo contra as amarras, samantha lutava contra seu próprio corpo, sentindo cada milímetro que o brinquedo deslizava, dentro de si, vibrando mais forte. A Rainha puxava bem lentamente, o fio, deliciando-se com aqueles gemidos e aquele olhar que a menina fazia, quando queria implorar algo... a escrava olhava em seguida para o próprio Dono e via seu tom severo. Ele tinha certeza que ela estava à beira do clímax e sua expressão deixava claro que ela não podia se render agora.

De longe, Victor olhava as duas e seu rosto tomava um tom sério, franzindo um pouco o cenho. – Eu devia ter-lhe dado mais limites... – Ria para si mesmo, baixo, tomando um gole do whisky e olhando para Lara, que fitava as duas à pilastra. – Mas precisamos admitir que a mulher sabe fazer uma cena, também. – Paula olhava-o, sorrindo, enquanto Marcos mantinha os olhos presos à pobre samantha.

As poucas conversas que haviam voltado a acontecer, pela festa, cessavam novamente, uma a uma, todos voltando a observar o centro do local com mais atenção, graças aos gemidos da escrava... a outra mão de Dama Negra aproximava-se daqueles seios e ela buscava a aprovação de V, com o olhar, que apenas sorria e meneava a cabeça, afirmativamente. Os dedos da mulher começando a tirar, delicadamente, aquelas pequenas agulhas da pele da submissa, que respirava fundo a cada uma delas, tentando controlar melhor seu corpo... sentindo ainda aquela mão ao seu sexo, provocando-a enquanto deslizava o bullet, já na potência máxima, cada vez mais lentamente. Os lábios desciam pelo pescoço, indo tocar seus seios, limpando aqueles pequenos pontos que queriam começar a sangrar, novamente, e os poucos filetes que já estavam lá, de antes.

Victor levantou-se, ao perceber o olhar desesperado da submissa voltando-se para o seu... era demais, ele entendia. E, no entanto, olhava para as mãos da escrava e não via ali o gesto de segurança combinado entre os dois. Aproximava-se por trás da Dominadora, que sequer o notou até que sua mão tocou a dela, fazendo-a fechar os dedos sobre o fio e puxar o brinquedo, enfim, para fora da submissa. Um suspiro forte, lascivo, deixava os lábios da mulher presa, em um alívio incontido, enquanto o homem sussurrava ao ouvido da Top inconformada. – Eu não lhe disse que podia usar dois dos meus brinquedos. Apenas um. – Ele abaixava-se e pegava o controle do chão, desligando-o e mostrando-o a Dama Negra, que apenas sorria com aquele jeito de criança pega em alguma traquinagem. – Agora quero minha menina de volta, está bem? – Ele lambia os dedos da mão que tocara a dela, melada, enquanto a Rainha, aparentemente satisfeita em sua malícia, afastava-se na direção de seus pit-bulls, que agora por muito pouco não salivavam, ao vê-la naquela cena.

- O-obrigada, meu Senhor... – A voz de samantha soava, gentil e fraca, após tanto tempo sem pronunciar uma palavra sequer. Apenas V podia ouvi-la, mas Lara conseguiu entender o movimento dos lábios. Talvez porque ela mesma se sentisse aliviada que ele fora até lá acudi-la. O homem demorava-se, olhando nos olhos da submissa que sorria de um modo tão fraco, enquanto a respiração tentava retomar o controle. Mas perdia-a subitamente, em um beijo do Dono aos lábios, tão intenso quanto o toque dos dedos que agora abriam suas pernas, indo tocar-lhe o sexo de um modo a ela bem mais familiar que o de Dama Negra. Não que não gostasse, mas era muito diferente de seu Senhor. E eram os dedos dele que a escrava de cabelos vermelhos desejava tão intensamente ao ponto de fechar os olhos e soltar o corpo, ficando ali de pé apenas graças às amarras. Gemia alto, agora, porque sabia que era como mais o agradaria. Ele a abria, em frente a todos os observadores, deixando-se serpentear por entre aqueles lábios úmidos, sujando-lhe os dedos.

- Aaaaahhhh... obrigada, meu amo. Meu Mestre. – Respirava fundo, ao que quase deixava-se levar, mas lembrava que não tinha a permissão para tal. Segurava a respiração, tentando conter seu corpo, em meio àquele toque tão desejado. – Obr-obrigada, Senhor... por vir tocar esse corpo... indigno. Por cultivar o meu pr-prazer... por fazer-me tua. – Ele deixava a presença avolumar-se ao corpo dela, enquanto os dedos deslizavam, melando toda a mão naquela ansiedade da escrava. Dedos que por vezes deslizavam para dentro dela, outras sobre seu clitóris, pressionando-o entre eles. – M-Mestre... p-p-por favor... – Segurar a respiração já não adiantava mais. Nem conseguia respirar fundo para buscar mais forças. A menina ofegava, esquecendo toda a dor, presa à angústia de aguardar pela permissão de seu Dono. Precisava daquele gozo. Não podia mais. Achava que perderia os sentidos, ali mesmo.

- Goze, samantha... – Sentia todo o corpo tomado em espasmos de prazer, quando finalmente ouvia aquelas palavras. Mestre V sorria enquanto aqueles olhos cheios d’água se abriam para tentar olhá-lo, mas ela os fechava novamente, sentindo-se tonta em meio às ondas que percorriam seu corpo. As nádegas doíam contra a pilastra, mas seu Senhor soltava gentilmente o grampo do mamilo esquerdo, tocando-o e fazendo-a sentir o prazer intenso, dolorido do sangue correndo de volta a ele. Fazia o mesmo com o direito e ela gritava de dor e prazer ainda sentindo aqueles dedos dentro de si e sobre seu sexo, serpenteando e fazendo-a amolecer. Molhava aquela mão em meio ao orgasmo tão intenso. Victor soltava as amarras, agora, puxando algumas pontas soltas das cordas e desfazendo as voltas que prendiam o tronco da menina.

Lara observava a tudo, envolta em emoções mistas, confusas. Aquela expressão de prazer tão intenso, mesmo após todas as torturas, lhe era quase incompreensível. A escrava deslizava da pilastra pela mão de seu Dono, caindo de joelhos à frente dele sem forças. Agarrava-se àquele punho com uma urgência repentina, começando a lamber seus próprios fluidos dos dedos de Victor, mostrando que era sua obrigação limpá-lo. Cumpria-a, agradecida.

O Mestre observava, sorria e parecia não ter olhos para mais ninguém, naquela festa. Mas não samantha. Em meio àquele sorriso de satisfação, ao lamber e sugar dos dedos do Dominador, fitava os olhos de Lara, pelo canto dos seus, antes de voltar-se para Victor e ganhar mais um beijo, do Senhor que se inclinava na direção dela. A advogada tremeu nas bases, com aquele olhar. Sentia-se quase tão acuada quanto sob os azuis dele. Era um desafio claro: “Você não faria melhor.”

2 comentários:

Lee disse...

Mestre Addam,
A história de Lara está ficando cada vez melhor.
Sem cobranças, mas quando virá o quarto capítulo? rs
Beijos!

Sir Lucius Ghostwish disse...

Mestre Addam, venho parabenizá-lo pelo excelente trabalho. O texto está muito bem escrito e a história está se desenvolvimento de uma forma gostosa de se acompanhar. Parabéns. Ansioso pelo próximo capítulo.