segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Capítulo 2

Depois de sentarem-se à mesa com Marcos e Paula foi como se todos aqueles olhares e trejeitos de Mestre V tivessem mudado de tom. Conversavam ele, a submissa, samantha, o casal e Lara, amigavelmente e a ameaça daqueles olhos de um azul forte parecia ter se apagado. Ainda era envolvente, ainda era intenso, mas da mesma maneira que tantos homens interessantes que ela já conhecera no passado.

Não conseguia deixar de notar, no entanto, os modos da escrava à mesa. Ajoelhada sobre um almofadão ao lado do Dono, parecia ter sempre parte de si tocando-o. Uma mão sobre o braço ou o rosto à perna dele, o ombro recostado ao seu flanco ou à coxa, quando eventualmente falava mais empolgadamente, se aproximando. Olhava pouco para o rosto dele e cada vez q o fazia era com um sorriso que mesclava malícia e submissão. Tinha os olhos inflamados de desejo, sempre que algo parecia lembrar-lhe momentos com seu Mestre. Aparentemente, poucos assuntos não o faziam.

- Mas então, Victor, não veremos uma cena sua à cruz esta noite? Você sabe que Dama Negra sempre conta com você para agitar um pouco mais as coisas, por aqui. – Marcos sorria fazendo aquela sugestão e Paula apenas ria, olhando para samantha com um sorriso um tanto ambíguo aos lábios.

- Você tem algum problema com nomes, meu caro amigo, já lhe disse que isso ainda pode se tornar problemático. – Mestre V olhava de soslaio para Lara e ela percebia que não deveria ainda saber o seu nome, que o amigo dera de bandeja. Pensava nisso e sorria faceira, para aqueles olhos azuis, agora ela mesma em certo tom de vitória. – Mas quanto à pergunta, esta noite não pretendia fazer nada. No entanto, acho que seria um bocado decepcionante para a sua convidada, não ver algo mais interessante. Que me dizem? – Todos agora olhavam-na e a advogada corava sob seus sorrisos . Não esperava aquela menção repentina, muito menos a mudança no tom da conversa. O único olhar que parecia não provocá-la era o de samantha... ela olhava-a mas não a via. Uma mão pousada sobre o colo do Dono e um ar de submissão profunda. Era como se nada mais visse, sua mente mergulhava nas possibilidades do que poderia estar para acontecer.

- M-mas claro que não, deixe de bobagem... estou adorando a festa com tudo o que já vi. – Lara olhava para a cruz com um sorriso um tanto nervoso, mas realmente nada lhe chamara tanto a atenção quanto a cena de Lorde Avatar, mais cedo. Forçava-se a não pensar demais a respeito. – Não precisa se preocupar comigo, Victor... – Aqueles olhos azuis a intimidavam, agora... ele obviamente não gostava de ser chamado pelo nome e ela percebeu que era uma péssima hora para essa provocação.

Olhava para a escrava aos pés de V e percebia os dedos dele indo tocar a coleira da submissa... era bem diferente de todas que tinha visto, até agora. Uma gargantilha dourada, de elos ovais e delicados, com um pingente de prata - talvez ouro branco, era polido demais para prata, que à primeira vista pareceria um brasão atravessado por uma adaga... mas a impressão da lâmina era na verdade um grande V, vazando a área de um círculo prateado com um símbolo estranho, de desenho delicado, sob os traços fortes da letra. Este assemelhava-se a um Ying-Yang, mas divido em três partes, não duas. Jamais vira algo parecido mas era muito belo e discreto. Os dedos do Dominador percorriam aqueles elos, tocando a pele da bottom em uma carícia suave, fazendo-a fechar os olhos e deixar a cabeça pender um pouco de lado.

Lara olhava samantha demoradamente, agora. Era uma mulher de feições delicadas e pele alva, não parecia ter chegado aos 30, ainda. Os ruivos cabelos bem longos, ondulados, muito bem cuidados. Os olhos grandes, um castanho quase dourado, de tão claros. O nariz delicado, bonito, as maçãs do rosto curvilíneas e suaves, os lábios pareciam saídos de uma boneca de cerâmica, bem vermelhos, pelo batom. Algo naquele rosto parecia-lhe europeu, era uma mulher de porte pequeno, não parecia que de pé mediria acima de 1,60m. Usava um vestido longo sem alças, vinho, deixando transparecer no decote as curvas dos seios, pequenos, firmes e empinados pelo que só poderia ser um espartilho, sob a roupa. A saia, comprida, e a cor davam-lhe todo um tom arcaico, mas muito belo.

Os dedos de V deslizavam pelos elos daquela coleira tão delicada, indo até a nuca e o olhar do homem à mesa mudava. Aquele azul escuro ganhava um brilho de ameaça, um ar de predador que agora Lara reconhecia, enquanto a mão se fechava nos cabelos da submissa e puxava-os para trás, com força... a expressão de dor no rosto da escrava era breve, seguida de um suspiro incontido, prazeroso, fechando os olhos para evitar a afronta de encontrar os do Dono sem permissão. A voz do Top saía em um tom grave, que toda a mesa ouvia claramente, um comando ríspido. – Vá à portaria pegar minhas coisas, serva. Abra a bolsa, lá mesmo, traga o açoite na boca e os mamilos pregados. O resto você vai deixar como está, a bolsa aberta sobre a minha cadeira, ouviu bem? – A menina tentava fazer que “sim” com a cabeça, mas ele não deixava, puxando-lhe os cabelos com mais força e reforçando a pergunta. – ENTENDEU, vadia?

- S-sim Senhor, meu Mestre. Obrigada por querer usar essa sua escrava indigna hoje, meu Amo. – Aquela voz saía fraca como se com medo de falar alto demais, incerta. Lara sentia um arrepio com toda aquela cena, mas disfarçava com mais um gole do chopp, sem conseguir desviar o olhar dos dois. Percebia como o peito da submissa se movia mais rápido, arfando com cada nova ordem. Por vezes, a advogada buscava os olhos de Mestre V e ele reagia como se já soubesse de antemão, imediatamente olhando-a de volta em um tom de clara ameaça. – Devo deixar os grampos à mostra, nos mamilos, Mestre? Devo trocar de coleira?

A mão do Dominador soltava aqueles cabelos e samantha apressava-se em deixar os olhos se abrirem, buscando o chão, apoiando-se à cadeira do Dono para começar a se levantar, delicadamente. Ele a olhava, de cima, com um sorriso malicioso e um olhar intenso. – Não vai precisar da coleira, essa noite. Eu só trouxe os grampos com a corrente, dessa vez, e são eles que você voltará usando. – Aquelas palavras causavam calafrios visíveis, à menina que apenas murmurava um “Sim, Senhor”, quase inaudível, antes de pedir licença às outras três pessoas à mesa e caminhar em passos apressados na direção da portaria. Mestre V permanecia em silêncio, agora, demorando-se em um gole do copo de uísque. Lara via nele os traços de um homem metódico, mas não frio. Pelo contrário, havia uma intensidade em seus gestos que por vezes beirava certo ar de impulsividade . Naquele momento, entretanto, ele parecia planejar... e o que começou a preocupar Lara foram os momentos em que fitava especificamente os olhos dela, ainda perdido em pensamentos. Ela não percebia que cruzava um braço por cima do torso, em um gesto defensivo, enquanto voltava-se para Paula, falando baixo.

- Eu me sinto um pouco... sem jeito. Ele não precisava fazer isso... seja lá o que for... só porque eu estou aqui, hoje. Já estou gostando muito da festa, é bem legal e...

Marcos e Paula riam, com o acanhamento da amiga, e o amigo explicava, sem qualquer cerimônia. – Ah, mas ele já o faria, estando você aqui ou não. Isso tudo é só desculpa. Mestre V jamais precisou de motivos externos para querer maltratar a pobre samantha. – Victor olhava-o enquanto pousava o copo à mesa e ria em deboche, ao ouvir o comentário do amigo a seu respeito. – E não é como se ela própria não fosse gostar, Lara... você verá o rosto dela e vai entender bem do que estou falando.

Mestre V levantava-se e mais uma vez a conversa nas mesas ia diminuindo, aos poucos, enquanto sua escrava cruzava a pista de dança com uma grande bolsa negra nas mãos. Trazia, seguro pelos dentes, um açoite de couro, de empunhadura grossa, que mal lhe cabia à boca, que terminava em muitas tiras de um marrom bem escuro. Os seios agora vinham à mostra, desfilando à frente daquele corpo, a parte da frente do vestido um pouco enrolada por cima do topo da barriga, o espartilho negro, com detalhes em renda, deixando-se notar sob a roupa. Os mamilos estavam em riste, presos por grampos de pressão, metálicos, de aparência nada amigável, esses unidos por uma corrente que em nada lembrava a delicadeza da gargantilha que a submissa usava. Os olhos da bottom voltados para o chão, enquanto passava ao lado do Dono para deixar a bolsa sobre a cadeira.

Virava-se de frente para ele e Lara pensava no quanto os grampos deveriam doer, esmagando-lhe os mamilos daquela maneira. ­­– Boa menina... – Victor falava, áspero, e segurava a corrente que os unia, fazendo a bottom segurar a respiração. Puxava-a atrás de si, sem qualquer delicadeza, caminhando em direção à cruz. A escrava abafava um grito de dor, no açoite, mordendo-o mais forte, sentindo a dor lancinante, ao ser puxada pelos seios, enquanto os pés se apressavam em seguir os passos mais largos, do Mestre. Ele por vezes, em meio ao trajeto, dava um novo puxão repentino, arrancando mais gritos abafados, da submissa.

Chegavam ao centro do salão e quase todos já olhavam na direção dos dois, apenas poucas mesas continuando alguma conversa mais animada. O DJ já escolhera uma canção mais apropriada, começando a tocar “Trust Me”, do Dee Joy, enquanto V agarrava novamente aqueles cabelos ruivos e, com apenas um olhar firme, fazia-a ajoelhar-se e voltar a fitar o chão. A menina tirava o açoite da boca, deixando as mãos deslizarem sobre a empunhadura, em movimentos demorados, sensuais, parecendo simular naquele objeto o sexo de seu Dono, mas apenas para limpar dali sua própria saliva. Ofertava o instrumento, sobre as duas mãos, estendendo os braços para cima, na direção de seu Senhor, e inclinando a cabeça para baixo, por entre eles, em um gesto de total subserviência. Lara agora não conseguia conter o fascínio com a beleza daquela cena. Observava, atenta, a todo aquele ritual envolvente. Percebia em cada movimento de samantha a demonstração de um amor profundo, incondicional, por aquele que estava prestes a trazer-lhe tamanha dor e humilhação, na frente de todas aquelas pessoas.

Mestre V pegava o açoite das mãos da submissa, sorrindo enquanto as mãos dela abaixavam-se, indo até o chão. Por um momento, a menina ficava de quatro, na frente dele, mas então continuava o movimento, abaixando até apoiar os ombros no chão frio, repousando o rosto de lado, sobre ele, as pernas erguendo os quadris o mais alto que podia, as mãos deslizando pela lateral do corpo, indo levantar a saia até a cintura, expondo as pernas e as nádegas, nuas... de onde estava, Lara conseguia ver pouco do corpo da menina, mas de alguma forma tinha a certeza de que seu sexo também estava à mostra, para as pessoas de algumas das mesas. O Top a rodeava, acariciando as tiras do açoite com um toque mais gentil que o que dispensara aos cabelos da submissa, estes agora esparramados pelo chão, formando um tapete de cobre, delicado.

- Meu Senhor... presenteia-me com a dor do teu sadismo. Meu Mestre, por favor. Satisfaz todas as tuas vontades obscuras e insanas nesse corpo que lhe pertence. Perdoa o meu pecado de te querer, por que sou indigna. Pune esse corpo, pelo atrevimento de estar melado, pensando em ti. Faz de mim o que quiser, meu Dono, mas não me deixe... eu te imploro. Preciso de sua dor... me pune... me perdoa... – A voz de samantha saía melodiosa, mas forte. Queria que todos ali a ouvissem, se declarava a seu Amo e queria deixá-lo orgulhoso. Os primeiros golpes do açoite pareceram tão bem vindos, na expressão daquela mulher, que Lara por um momento pensou se não era mero teatro... mas o estalar de cada investida era alto, mais forte que o da anterior, e a velocidade com que aquelas tiras de couro cortavam o ar era algo impressionante. Logo, a menina não mais suspirava no alívio de ter suas súplicas atendidas, mas começava a gritar de dor... lágrimas brotando dos olhos, as mãos aos lados do rosto, sobre o chão. Todo o corpo reagindo em espasmos, com cada novo golpe. Aquele homem repousava sobre ela um olhar que trazia todo o peso do mundo e não mais sorria. Tinha o cenho franzido, enquanto erguia a mão direita para cada novo estalar do açoite... as nádegas da submissa quase pulsando, vermelhas, cheias de lanhos , riscos vermelhos desenhados sobre a pele.

- Obrigada. Ahn! Obrigada, Mestre! Ahn! Por tentar me tornar... ahn! Digna de sua atenção. Ahn! Meu Senhor... – Cada nova açoitada trazendo um gemido de dor, cada vez mais alto. Victor olhava-a e ela agora deslizava o rosto pelo chão, virando a cabeça para buscar o olhar de aprovação do Dono, por entre os cabelos de fogo... lágrimas molhavam a pista, mas ainda assim ela sorria, ao encontrar a imensidão azul daqueles olhos celestes. Sabia que aquela cena mal havia começado... mas nada temia, no olhar daquele que a dominava. As tiras de couro agora deslizando por sobre as nádegas, demoradamente, antes do golpe seguinte. Sentia ainda a dor dos seios, os mamilos presos roçavam sobre o chão, a cada espasmo de dor mais intenso.

- Levante-se, vadia submissa. – A voz dele ecoava pelo local e voltava ainda mais forte, fazendo todo o corpo da bottom responder. Apoiava-se novamente sobre as mãos, ficando de quatro para se levantar, o Dono logo indo agarrar-lhe os cabelos, puxando-os para cima, como se impaciente com a demora, que se dava por conta da dor às nádegas vermelhas, inchadas. Ele sussurrava algo, demorando-se ao ouvido de samantha, cujo rosto logo demonstrava um misto de medo e ansiedade, antes que ela caminhasse rapidamente até a bolsa preta, bem à frente de Lara. Abria-a e por um segundo olhava para a baunilha, não conseguindo conter um sorriso malicioso de satisfação, em ver que a mulher parecia se interessar mais, por tudo aquilo, como seu Mestre queria. Tirava da bolsa um par de algemas tipo pulseiras de couro negro, com argolas de metal bem grossas, vestindo-as apressadamente, com um brilho no olhar. Em seguida alcançava algumas velas, três delas, e o que parecia ser apenas uma grande corda, negra, com detalhes em branco. Lara, tão perto, arregalava os olhos, fazendo a escrava rir baixinho, enquanto tirava, por último, uma grande faca prateada, de cabo e coldre ornamentados, como se cada detalhe em protuberância fosse um chifre, sobre a empunhadura. A cada objeto que tirava, era como se quisesse provocar novos olhares de espanto. Divertia-se com as reações da outra.

- Eu disse RÁPIDO! – Sem que a serva percebesse, Mestre V se aproximara por trás e agora agarrava-lhe os cabelos de uma forma bem mais violenta que antes, puxando-os como se não tivesse medo de acabar arrastando a bottom atrás de si. O olhar da menina agora transmitia dor e um ar de desespero... olhava nos olhos de Lara, afastando-se... não podia ter demorado. E a noite mal começara, para samantha.

2 comentários:

Bridget Jones disse...

UIA!

A menina doutora Lee é quem curte essas coisas! Ja assistiu "Secretária" com o James Spader? Mas olha...é segredo viu? A menina doutora Lee Holloway nunca admitiria isso!

Lee disse...

A menina doutora Lee Holloway até admite...rs

Pelo que li até agora, adorei! Quando teremos o terceiro capítulo?

Beijos!